8 a 21/Mar/2010 - Physical volcanology, modern geothermal systems and mineralisation in volcanic terrains course: New Zealand and western Tasmania...

Foi mais uma "fieldtrip" simplesmente espectacular!!! Viajei muito e aprendi ainda mais...
Aqui ficam os detalhes...

Dia 1 - Rangitoto e Takapuna (8-Mar-2010)...

Acordei bem cedo, por volta das 7h... O pequeno-almoço chegou por volta das 7h30, logo depois do som da campainha... Era um pequeno almoço para 3 pessoas, pois partilhei a casa com o Bruce e com o Scott. Saímos pouco antes das 8h30... Eram 3 carrinhas cheias de pessoal pronto para começar o dia a aprender vulcanologia... Mas o dia até nem começou muito bem... Poucos minutos depois, o condutor (um dos participantes...), pouco antes de chegar a um cruzamento e na ultrapassagem a um autocarro (que estava numa paragem...), partiu o vidro lateral esquerdo... Todos nós sentimos o choque (claro), mas não me parece que nenhum dos ocupantes do autocarro o sentiram... A Joce, que ía no banco da frente e levava o vidro aberto, ainda apanhou com alguns vidros estilhaçados, mas não ficou com quaisquer ferimentos... Foi assim... Um vidro partido logo pela manhã não era de certeza um bom presságio (imaginam como se sentiu o condutor depois disto...), mas o dia correu excelentemente bem...
O dia de hoje foi dedicado essencialmente ao vulcão Rangitoto... Existem cerca de 48 vulcões no chamado campo vulcânico de Auckland... Quase todos os montes e colinas em Auckland são cones de escórias, todos eles associados a vulcões monogenéticos (apenas uma erupção...). Trata-se portanto de uma província vulcânica monogenética. Para a visita tivémos de apanhar um "ferry" em Davenport... A viagem de barco até à ilha vulcânica foi espectacular... Ao longe, o perfil de um típico vulcão em escudo podia ver-se perfeitamente... Cerca de 30 minutos depois estávamos já com os pés assentes em solo vulcânico jovem... O dia na ilha foi fantástico... Vimos lavas escoriáceas ou aa e canais de escoamento, lvas pahoehoe, tubos de lava, cones de escórias e pedra-pomes... Vimos montanhas de depósitos vulcânicos! Almoçámos no topo, muito perto da cratera, e regressámos a Davenport no último barco que saía da ilha às 15h30... Regressámos ao hotel para assistirmos a uma palestra introdutória da Joce sobre processos e produtos de erupções vulcânicas... De seguida saímos de novo e fomos até à praia de Takapuna para observármos escoadas lávicas do vulcão Pupuke... Nesta praia vi, pela primeira vez, formas exóticas relacionadas com depósitos vulcânicos... Foi mesmo espectacular... Observámos pontes de lava, texturas especiais em lavas pahoehoe, "tree casts", "pahoehoe toes", "lava blisters", veios e vesículas de segregação, enfim uma infinidade de estruturas e morfologias absolutamente incríveis... Foi lindo! O dia chegou ao fim e voltámos para o hotel... A Joce ainda aproveitou e foi dar um mergulho... O jantar no hotel foi basicamente os restos do almoço, mas chegou perfeitamente para me encher a barriga... Passei o resto da noite a organizar as fotos e apontamentos do dia e a ler alguns textos para o dia seguinte...

Dia 2 - Baia de Campbell e praia de Bethell (9-Mar-2010)...

Mais um dia espectacular...
Acordei de novo às 7h e às 7h30 já estava a tomar o pequeno-almoço (mais uma vez com serviço de quartos...). Hoje saímos um pouco mais cedo do hotel, por volta das 8h15... A primeira paragem foi na baia de Campbell, onde incrivelmente, antes de começarmos a trabalhar, tivémos um paragem inicial inesperada, poic apareceram pequenos pinguins na praia... Foi espectacular... Estes pinguins são conhecidos por "Little Blues", e existe mesmo pessoal especializado na protecção destes animais nestas praias... A paragem geológica aconteceu pouco depois, algumas dezena de metro mais abaixo na praia... O intuito era observar, estudar e fazer um log de um megaturbidito... Turbiditos são depósitos sedimentares, vulcânicos ou vulcano-sedimentares resultantes de correntes turbidíticas. Estas correntes ocorrerem frequentemente nas plataformas e taludes continentais e caracterizam-se fisicamente por um escoamento gravitacional Newtoniano, em que a razão água-sedimento é muito elevada. São portanto correntes com fluxo turbulento... Depois de uma pequena introdução por parte da Joce, fizémos o log do depósito e segui-se a discussão... Este megaturbidito contém clastos gigantes (megaclastos) de arenito, que não são mais do que intraclastos... Embora estes clastos se pudessem ver a "quilómetros de distância", haviam outros, nomeadamente escória, pedra-pomes, fragmentos de andesito, cristais de plagioclase e fragmentos de corais. Vimos também diques argilíticos com relações de corte interessantes que sugeriam a ocorrência de dois episódios de processos de perda de água por parte dos sedimentos...
Saímos da praia a meio da manhã e viaámos depois até à praia de Bethell... O caminho até à praia foi longo... A chegada foi recompensada pelo tão esperado almoço, pois estava tudo a morrer de fome... Almoçámos perto de uma gruta relativamente grande... A seguir ao almoço, que não demorou muito, seguimos caminho ao longo da praia e, mais uma vez, os nossos olhos cresceram... Vimos lavas em almofada gigantes, que nos permitiram analisar relações de idade, morfologias, direcções de propagação e relações de deposição e disjunções prismáticas espectaculares... Foi mesmo incrível!!! Depois de passármos cerca de 1 hora neste locl, voltámos para trás, para perto da gruta, onde vimos brechas fluidais (hialoclastitos) relacionadas com depósitos subaquáticos... A grande quantidade de informação disponível no ar estava a ser assimilada a milhentos à hora, e mesmo assim muita ficava em suspensão... O pensamento fluia absurdamente mais rápido do que a escrita, mas esta tentava árduamente acompanhar (foi por isso que 1 caderno de campo nao chegou para esta "fieldtrip"...). Continuámos... A paragem seguinte foi também algo espectacular... Observámos um depósito arenítico-conglomerático intruído por um filão básico... E mais um corte no caderno de campo... Depois, mais um afloramento que nos fez tirar, de novo, as nossas folhas especialmente fabricadas para a construção de um log, pois estávamos perante um depósito de queda subaquático e era preciso detalhar a sua constituição... Foi fixe... E claro, com a Joce por perto não são precisos livros... A Joce é uma máquina no campo...! Depois de observármos turbiditos e brechas de pedra-pomes e afins, voltámos para as carrinhas... Antes de voltármos para o hotel fizémos ainda uma visita a um parque natural protegido, uma floresta de Kauris... Kauris são árvores extraordinariamente antigas e indígenas, que têm frequentemente 1000 anos de história... Fizémos uma caminhada de cerca de 45 minutos por entre a floresta ancestral e foi aqui que fiquei a conhecer, pela primeira vez, o logotipo da Nova Zelândia - o feto prateado (silver fern)! Foi fantástico! A face inferior das folhas destes fetos têm um brilho característicamente prateado, tendo sido usadas como guias em caminhadas nocturnas... Foi uma sensação espectacular poder visitar e estar de facto no centro desta floresta ancestral... O dia terminou, mais uma vez no hotel, onde jantei os restos do almoço (a quantidade de comida nesta "fieldtrip" foi algo do outro mundo...)...

Dia 3 - Areias de Dalton e viagem para Taupo (10-Mar-2010)...

Mais um dia que acordei cedo... Eram 7h da manhã e seriam as últimas horas que passaria no motel... Saímos às 8h45, depois de mais um pequeno-almoço continental...Viajámos pela autoestrada, para S, mas o trânsito atrasou-no um pouco... Parámos a meio caminho no café Patetonga para o café da manhã e para mais uma refeição matinal (para muito este era o 2º café do dia...). Continuámos viagem... A segunda paragem foi em Matamata, para meu grande prazer... A cidade já me era conhecida, pois já lá tinha estado há poucos dias atrás na "tour" do Senhor dos Anéis... Aproveitei para comprar aqui mais alguns postais... Almoçámos e voltámos a partir... Pouco tempo depois voltámos a parar, mas desta vez numa pedreira... O intuito da paragem foi observar e estudar as areias dos Dalton... Muita areia, mesmo MUITA areia... Esta areia faz parte de um corpo arenítico gigantesco que ocupa as planícies de Matamata e Hauraki e a bacia de Hamilton... Estas são areias vulcânicas com quartzo, feldspato, pedra-pomes (vesicular e fibrosa), obsidiana, clastos líticos e fragmentos de rocha, magnetite e zircão... A estrutura predominante e claramente observável é estratificação entrecruzada... Um olhar mas atento a estas areias sugerem um ambiente fluvial do tipo entrançado, pois estas areias (bem roladas e medianamente bem calibradas) contêm, contudo, clastos com uma larga gama de dimensões, remetendo para um ambiente de relativa alta energia. A estratificação entrecruzada permite também conhecer o sentido de escoamento que , neste caso, é para N, o que indica que a fonte sedimentar se encontra a S. A S encontra-se também o vulcão Taupo, a fonte sedimentar... Depois de uma boa hora e meia bem passada na companhia de muita areia, voltámos a partir. A próxima paragem aconteceu na pedreira de Hinuera, onde ficámos aconhecer o ignimbrito de Ongatiti, um dos ignimbritos da zona vulcânica de Taupo mais antigos, com cerca de 1,2 milhões de anos... Um ignimbrito é nada mais do que um depósito vulcaniclástico resultante de uma escoada piroclástica muito rica em pedra-pomes... Depois desta visita à pedreira, seguimos viagem para S, para Taupo, onde iríamos passar a noite... A região de Taupo é incrivelmente espectacular, em grande parte devido à presença do lago Taupo, que é nada mais nada menos que uma caldeira vulcânica activa (mais de 80% das pessoas desta região não faz ideia...). Enfim... Chegámos ao motel Catellis's of Taupo... Um local espectacular e extremamente relaxante... Jantámos e a noite passou...

Dia 4 - Tarawera e Waimangu (11-Mar-2010)...

Mais um dia espectacular! Hoje foi dia de subir ao topo de mais um vulcão..!!! Acordei às 6h, tomei o pequeno almoço às 6h45 e saímos às 7h30... O destino foi o Mount Tarawera, um vulcão com 1111 metros de altura... Quando chegámos ao sopé, tivémos de esperar pelos nosos anfitreões que nos levariam até ao topo... A caminho do topo, parámos ainda num pequeno campo e depois seguimos... Numa das margens da cratera, a Joce fez uma pequena introdução e depois iniciámos a subida a pé, em direcção ao topo... A subida foi espectacular... Uma sensação fantástica... No caminho, vi um bloco riolítico gigante (um pouco maior que um carro), uma bomba vulcânica... O percurso até ao topo demorou cerca de 45 minutos e, em certas zonas, o vento era de tal forma intenso que era difícil andarmos para a frente... Já no topo, tirámos algumas das mais espectaculares fotos desta "fieldtrip" e assistimos a mais uma explicação da Joce... Seguimos caminho, desta vez para baixo (bastante mais perigoso), em direcção ao centro da cratera... O vento estava mesmo no auge... Se abríssemos os braços voávamos com certeza... Mesmo assim eu arrisquei (vejam a foto)... A caminho do centro da cratera, já na descida, fizémos "rock sliding", outra das coisas mais sensacionais da "fieldtrip"... Foi espectacular ir a deslizar a alta velocidade até ao ponto mais baixo da cratera... O pessoal estava mesmo histérico com a coisa... Fizémos mais algumas paragens geológicas ao longo da cratera e, depois, voltámos a subir até à margem... Os nossos anfitreões levaram-nos para baixo, de volta ao sopé, e, depois de nos despedirmos e agradecermos, seguimos viagem... Parámos para almoçar num grande jardim, perto de um dos muitos lagos desta ilha fantástica... À tarde vimos um afloramento na Crater Road, um depósito vulcânico do vulcão Kaharoa do ano 1305... Foi mais um local escolhido para fazermos um log geológico... Este depósito pode ser dividido essencialmente em 5 camadas distintas que variam entre depósitos de queda e depósitos de escoadas de blocos e cinzas. Inclusivamente, estão presentes grandes bocados de madeira queimada e pequenos troncos de árvores... Mais, vimos também a textura crosta de pão ("breadcrust"). Muito fixe!
Depois desta excursão por depósitos vulcânicos, fo altura de mudar ligeiramente de assunto... Já no regresso, passámos por Waimangu, uma região geotérmica, considerada a maior fonte termal do mundo... Neste parque geotérmico, vi montanhas de coisas fantásticas... A "Echo Crater", o "Frying Pan Lake" e a "Inferno Crater" ficaram conhecidas de uma ponta à outra... Este é um local com ocorrência caracteristica de alteração argilítica avançada, onde a caulinite e a alunite são os minerais predominantes... A maioria destas águas estão a cerca de 30-60º e têm um pH que varia entre 5 e 6... Muitas bactérias prevalecem aqui a diferentes temperaturas, sendo essencialmente a cor que nos permite dizer a temperatura óptima de sobrevivência. As bactérias verdes são típicas de uma temperatura inferior a 35º, as laranjas entre 45 e 50º e as castanhas superiores a 35º, normalmnete perto de 60º... No "Frying Pan Lake", o Bruce Gemmell mediu o pH e acusou um valor de 6. Vi também estromatólitos hidrotermais e os chamados "silica sinters", que são basicamente depósitos de sílica que resultam de precipitação da sílica a partir dos fluidos hidrotermais, desenvolvem-se a partir de um substrato e contêm muitas vezes altas concentrações de ferro e tungsténio. A precipitação desta sílica ocorre primeiramente como opala, depois como calcedónia e finalmente como quartzo... Por outro lado, já a visita à "Inferno Crater" revelou outros valores... Aqui é água é de um azul caraíbiano, muito rica em sílica e com um pouco de enxofre. Este apresenta um ciclo de 38 dias, em que o nível da água varia até 12 metros de diferença e onde a temperatura pode chegar aos 70º e o pH inferior a 3. Esta foi a última paragem deste parque geotérmico... À saída, ainda passámos na loja de recordações (imprescindível...) e depois voltámos para o motel... Antes de jantar ainda fui dar um mergulho ao lago Taupo (nem parece um lago por ser tão grande...) e depois tomei um banho... Hoje jantei no quarto do hotel, mais uma vez com os restos do almoço... Estive ainda a organizar as fotos do dia e a ler alguns textos para o dia seguinte... Antes de dormir estive ainda um pouco na net a falar com a Inês... O dia em cheio tinha acabado...

Dia 5 - A caldeira de Taupo e a estrada Poihipi (12-Mar-2010)...

Para variar um pouco, hoje acordei às 7h, tomei o pequeno-almoço às 7h30 e saímos às 8h30... Estava sol, algumas nuvens e uma temperatura amena... A primeira paragem do dia foi a 1 minuto do motel, mesmo na margem do Lago Taupo para um pequena introdução por parte da Joce... Em seguida, parámos na autoestrada para fazermos um log geológico de mais um depósito vulcânico... Depois visitámos a pedreira de Tauhara, associada a um complexo dacítico com cerca de 120000 anos... A textura porfírica é predominante... Observam-se também zonas relativamente alteradas (oxidação) com hematite, resultantes do contacto entre os gases quentes e ácidos com o dacito... Ainda nesta pedreira vi cristais de anfíbolas relativamente grandes (vejam a foto...), bem como mineralogia de processos de alta sulfidização, nomeadamente cristais de alunite, bem como brechas de alteração... Foi muito fixe! Depois dos dacitos, fomos almoçar... Visitámos as "Huka Falls", umas quedas de água impressionantes... A água tem uma cor azul revitalizante e uma energia brutal... Este foi o local escolhido para o almoço... Este parque tem também uma loja de recordações que, como é lógico, não escapou... De barriga cheia visitámos outra pedreira, desta vez uma pedreira de escória e depois ficámos a conhecer o "Ben Lomond rhyolite", na estrada Poihipi... Aqui foi a primeira vez que a Joce se virou para mim com os olhos a brilhar... E eu perebi logo... Estava na companhia das minhas queridas perlites... As perlites são basicamente vidro vulcânico no qual existem fracturas abundantes, delicadas e curvilíneas (fracturas perlíticas). Estas fracturas resultam de tensões que se criam no vidro vulcânico aquando da hidratação e expansão do mesmo... A criação de fracturas é assim um mecanismo de libertação do excesso de energia acumulada... O facto de serem curvilíneas deve-se ao facto de se desenvolverem em vidro vulcânico, um material amorfo e portanto sem qualquer estrutura tridimensionalmente organizada (em semelhança às fracturas conchoidais das obsidianas...). Neste local vi também esferulites... Absolutamente incrível! Terminámos o dia na "Acacia Bay Road", onde observámos arenitos e siltitos espectacularmente laminados e com "ripple marks" do outro mundo... Mesmo impressionante é o facto de estas algumas destas marcas de ondulação apresentarem formas de ondas em rebentação... Vejam a foto... Está espectacular... Estes arenitos e siltitos estão associados a um depósito lacustre... Depois desta última paragem, regressámos ao hotel para mais uma palestra da Joce sobre centros vulcânicos andesíticos na zona vulcânica de Taupo... Depois da excelente palestra, fui tomar um banho, jantei, falei um pouco na net com a Inês e depois fui dormir... O dia seguinte prometia...

Dia 6 - Ruapehu e Tongariro (13-Mar-2010)...

Hoje levantei-me ainda mais cedo, às 6h. Fui até ao salão do motel para tomar o pequeno-almoço. Como o dia estava um pouco mais fresco comi o tradicional pequeno-almoço inglês, bacon com ovos. Saímos às 7h30. Apercebi-me depois que iria ser um dia bastante mais fresco, mas ainda fui a tempo de buscar um bom casaco... Depois de sairmos parámos logo de seguida para tirarmos umas fotos do lago Taupo e dos vulcões que se podiam ver ao longe... O dia estava frio mas com céu limpo, algo que é muito raro acontecer naquela zona... Foi excelente... Parámos depois ainda numa estação de serviço para abastecer as carrinhas e a terceira paragem foi num posto de observação a sul do lago Taupo, onde a Joce fez uma pequena introdução e onde tirámos mais fotos... De seguida seguimos para o "Tongariro National Park"... Estavamos à beira de uma caminhada espectacular até à vertente do vulção Tongariro... Iria ser o sítio mais frio onde iríamos estar, mas estava preparado... Aproveitamos e tirámos também milhentas fotos do vulcão Ruapehu, que se via ao longe, com o cume coberto de neve... Foram imagens espectaculares!!! A caminhada até Tongariro e ao longo do vale Mangatepopo foi incrível... Vejam as fotos... Voltáms e parámos em Whakapapa, num centro para visitantes, onde almoçámos... Aqui apanhámosuns chuviscos, mas nada de especial... De barriga bem cheia seguimos caminho e, para meu grande prazer, a paragem geológica coincidiu com mais um dos cenários do Senhor dos Anéis, o Emyn Muil, onde o Frodo e o Sam se perdem no início do segundo filme da triologia e onde pela primeira vez o Gollum ganha destaque... Foi uma sensação fantástica poder estar no Meads Wall... Estava nevoeiro, um cenário típico do filme da triologia... Não icámos muito tempo... Voltámos para baixo e fizémos outra paragem breve onde observámos brechas da formação Whakapapa... Observámos aqui rochas espectaculares com uma história exótica... A paragem seguinte foi na "Bruce Road", onde observámos um depósito de avalanche de detritos vulcânicos, ou seja outra brecha mas desta vez polimíctica (formada por clastos geneticamente distintos). Seguimos viagem até ao rio Whakapapanui, onde fizémos um corte geológico como exercício de campo... Foi aqui onde vi pela primeira vez uma inconformidade geológica vertical (isto só mesmo com depósitos vulcânicos...). Vejam as fotos... Acabado o dia no campo, voltámos para o motel... Mas, antes do jantar, ainda fomos até à piscina mais próxima... A Joce queria também ir nadar, por isso fomos todos... A Joce é incrívele... Enquanto eu não fiz mais do que 10 piscinas de 25 metros, ela fez de certeza mais de 100...!!! Foi impressionante!!! Tive ainda oportunidade de treinar a minha respiração ao fazer 25 metros debaixo de água... Foi fixe! Voltámos para o motel e fomos jantar a um restaurante... Bife espectacularmente delicioso... Antes de sairmos ainda fizémos uma partidinha de snooker e depois sim, voltámos para o motel... Aproveitei para ir buscar a roupa que tinha deixado a lavar e secar, estive a organizar as fotos do dia e a arrumar a mala para o dia seguinte. Amanhã Taupo ficará para trás...

Dia 7 - Reserva geotérmica de Waiotapu e lava riolítica de Ngongotaha (14-Mar-2010)...

Hoje foi mais um dia espectacular!!! Acordei às 7h e fui tomar o pequeno-almoço às 7h30... A rotina já estava impregnada no corpo... Saímos às 8h30... Viajámos para N até à reserva geotérmica de Waiotapu. Esta reserva geotérmica tem 18 km quadrados e percursos com 6,5 km. Foi uma manhã fantástica... Fizémos várias paragens, em locais com nomes muito peculiares, tais como "Devils Home", "Devils Ink Pots", "Champagne Pool", "Alum Cliffs" e muitos outros, todos eles relacionados com alteração muito intensa (alteração argilítica avançada de baixa temperatura) e estruturas de colapso devido às fortes condições ácidas locais... A mais espectacular destas paragens foi de facto a da "Champagne Pool"! Esta "piscina" é um fenómeno único... Trata-se de uma cratera de erupção hidrotermal com 65-70 metros de diâmetro e cerca de 70 metros de profundidade, com uma temperatura de 74ºC e um pH de 5,5. As bolhas de dióxido de carbono que se observam tendem a formar-se nas margens da "piscina" e é a presença deste dióxido de carbono que explica o pH de 5,5 que se verifica... A característica mais notável é a presença de precipitados de compostos amorfos de arsénio e antimónio que contém ouro, prata, tálio e mercúrio e ganha umas cores alaranjadas fortíssimas... Estes precipitados têm apenas micrómetros de espessura, mas concentrações de ouro e prata de 80 ppm e 170 ppm, respectivamente. Vejam as fotos... Perto da "Champagne Pool" esudámos também um afloramento com depósitos de escoadas piroclásticas geradas por explosões freáticas relacionadas com a erupção do vulcão Tarawera de 1305. A peculiaridade deste depósito são os lapilli acrecionários, que não são mais do que cinzas vulcânicas agregadas devido à humidade ou chuva aquando da erupção (vejam a foto...). Passámos toda a manhã neste reserva geotérmica onde, inclusivamente, almoçámos. E claro, a loja de recordações não escapou... De seguida visitámos as piscinas de lama ("mudpools") de Waiotapu, muito próximo da reserva de Waiotapu... No caminho tive de ligar o computador e descarregar as fotos e os vídeos pois tinha enchido dois cartões de memória... Depois seguimos viagem... A próxima paragem foi na pedreira de Henderson's, que corresponde ao interior de uma lava riolítica. Toda a zona exposta na pedreira corresponde apenas às margens da lava riolítica, cuja espessura total é de cerca de 300 metros, mas que nesta zona estão apenas visíveis os 120 metros inferiores... Este riólito corresponde a um riólito pós-caldeira associado à caldeira de Rotorua. Esta caldeira formou-se após a erupção do vulcão Mamaku, há cerca de 240 000 anos. O ignimbrito desta erupção cobriu uma área de cerca de 4000 km quadrados...! Foi uma mega-erupção! Este foi um dos locais de sonho, pois não só vimos bandados de escoamento ("flow banding"), esferulites, "lithophysae" e perlites espectaculares, como também colhemos amostras extraordinárias... Foi fantástico! Ao final do dia visitámos ainda o parque Kuirau, com as conhecidas piscinas de lama... O dia acabu já no hotel com uma palestra do Bruce Gemmell sobre o programa para o dia seguinte, a visita à White Island (a cereja no topo do bolo...). A seguir à apresentação fui dar um mergulho na piscina e depois fui jantar, mas mal podia esperar pelo dia seguinte...

Dia 8 - White Island (15-Mar-2010)...

O tão esperado dia chegou... Depois da rotina matinal, saímos do hotel às 9h... Viajámos até à costa E da ilha norte da Nova Zelândia, em direcção ao aeroporto de Whakatane... Aqui fizémos a inscrição para a viagem até à ilha e onde definímos quem iria primeiro... Eram 4 grupos de 6 pessoas e dois helicópteros que podiam transportam 3 pessoas, excluindo o piloto... O primeiro grupo tinha já ido de manhã, às 9h... O nosso grupo ficou marcado para as 13h... Por isso, enquanto a nossa vez não chegou fomos até à cidade de Whakatane, onde demos um passeio e onde aproveitei ara comprar mais umas lembranças e mandar uns postais... Depois do almoço, voltámos ao pequeno aeroporto para a tão esperada viagem... Estava aos pulos para me meter no helicóptero... A viagem até à ilha foi E. S. P. E. C. T. A. C. U. L. A. R.!!!! A sensação de andar pela primeira vez num helicóptero foi algo do outro mundo... Foi mesmo fantástico!!! E como se não bastasse, o roteiro de cerca de 1 hora pela ilha fumegante (e extremamente ácida..!) foi incrível! A ilha corresponde a um vulcão compósito activo, um típico ambiente de alta sulfidização com alteração argilítica avançada de alta temperatura... Aqui, os pequenos riachos têm pH = 1 e a alteração é extraordinariamente intensa e controlada por fracturação... O lago da cratera apresenta um pH = -0,6, com águas carregadas em ácido sulfúrico, resultado da mistura entre os gases magmáticos ácidos e a água da chuva... Neste ambiente extremo, todos nós começámos logo a sentir os efeitos dos gases... E por isso, o uso de máscaras foi essencial... O regresso foi, mais uma vez, espectacular com mais uma viagem aérea impressionante... Como fomos o penúltimo grupo e como a tarde ainda só ía a meio, decidímos ir até à praia antes de voltámos para o hotel.... De regresso ao hotel, foi a piscina que ganhou destaque... Depois do banho, fui organizar a minha mala para a partida do dia seguinte e depois fomos todos jantar... Um barbecue foi organizado no hotel neste último dia como despedida de uns dias fantásticos passados nesta ilha maravilhosa... Havia muita comida e bebidas no pequeno jardim, mas também um mega-trampolim que, claro, não escapou... E a área do jantar até ficou mais perceptível vista de cerca de 3-4 metros de altura... Foi fixe! Em conversa com o Alan descobro o significado de team ("together each achieve more")... Lindo... Depois do jantar, a loucura tomou a dianteira e fomos todos para a piscina, onde tirámos a nossa única foto de grupo... Depois desta piscina ao ar livre, foi altura de ir até à piscina interior, a 41ºC... Hehehe... Depois foi altura de ir dormir... O regresso a Hobart estava agendado para o dia seguinte...

Dia 9 - Regresso a Hobart (16-Mar-2010)...

O dia de regresso a Hobart chegou... Levantei-me às 6h30 da manhã para não chegar atrasado ao aeroporto... Tomei o pequeno-almoço (mais uma vez ovos e bacon...) e saímos do hotel às 7h30. Chegámos ao aeroporto de Auckland às 10h45... No check-in, a minha bagagem tinha peso a mais (mas não muito mais), pois vinha carregado com amostras que por razão absolutamente nenhuma poderiam ter ficado para trás... Mas, o senhor do check-in foi simpático e deixou passar (tinha sido hipnotizado por palavras de geólogo...hehehe). A primeira viagem para Sidney correu lindamente e até ganhei um lugar à janela, que é sempre um privilégio (especialmente quando não o pedimos...). Chegado a Sidney fiz logo o check-in para o voo para Hobart, mas aqui paguei 5o dólares por excesso de bagagem (a Jet Star já não é tão compreensiva e os meus stocks de palavras hipnotizadoras já estavam em baixo...). A viagem para Hobart foi também excelente, sempre acompanhado de turbulência à chegada (que torna a viagem menos aborrecida...). Com os pés de novo na Tasmânia, apanhei o Airporter até ao Casino, onde reencontrei o meu DeLorean... As saudades já eram muitas... Mas, o mês passado no parque de estacionamento do Casino fez perder parcialmente parte da carga da bateria, e por isso demorei cerca de 10 minutos para conseguir por o motor a trabalhar... Enfim... Depois fui levantar algum dinheiro, fazer ums compras ao Coles e jantei descansado em casa... Foi uma excelente sensação o regresso a casa... Todo o tempo que estive fora pareceu então um sonho, algo que aconteceu de um momento para o outro... Depois do jantar, ainda estive a falar com a Inês na net e acabei a noite a ver o filme "Lady in the Water"...

Dia 10 - Dia de pausa (17-Mar-2010)...

Hoje foi dia de descanso... Acordei às 7h, estive a organizar uns documentos no computador e a falar com a Inês na net... Depois, arrumei a roupa e todas as lembranças das minhas viagens por países longínquos... Ainda de manhã, fui comprar outro caderno de cmpo, fui comprar almoço ao Coles e fui pagar a conta da electricidade da minha antiga casa à TUU... Depois, voltei para casa e almocei... Estive também a falar um pouco com o João e com a Raquel (as saudades já eram muitas...) e a organizar e preparar a viagem dos próximos dias à costa oeste da Tasmânia... Ao final da tarde fui até ao CODES para fazer ums impressões e para o barbecue organizado para os participantes da "fieldtrip"... Foi fixe! Antes das 20h voltei para casa, estive a colar fotos no caderno de campo e acabei a noite a falar com a Inês na net... Amanhã será outro dia de viagem...

Dia 11 - Jukes Road (18-Mar-2010)...

A "fieldtrip" continua... Hoje acordei às 6h30, estive a organizar a roupa para levar para a viagem, tomei o pequeno-almoço e ainda estive a falar com a Inês na net antes de sair às 8h... Fui até ao CODES, onde houve uma primeira palestra sobre o MRV, com a Joce... Depois da palestra, saímos às 9h30 e viajámos até Ouse, o local da primeira paragem... Foi apenas uma paragem para recuperar forças, tomar um café e comer qualquer coisa... Na viagem para Queenstown parámos para almoçar... Chegámos a Queenstown e depois seguimos até à Jukes Road... Aqui observámos vários afloramentos ao longa da estrada, num total de 5 paragens... Foi um choque a subita mudança de local (da Nova Zelândia para a Tasmânia), pois enquanto que na Nova Zelândia todos os depósitos vulcânicos que observámos eram estupidamente recentes e bem preservados, no noroeste da Tasmânia, além de se tratarem de depósitos do Câmbrico e de estarem deformados, falhados e com metamorfismo por cima, ainda estão cobertos com vegetação do barco da velha... Enfim... A vida é dura... De qualquer modo, vimos brechas hidrotermais, disjunções prismáticas, estruturas fiamme e muitas outras características exóticas... Quem sabe fazer geologia aqui, sabe fazer geologia em qualquer parte do mundo... Mas primeiro, há que saber fazê-la aqui... Foi um dia fixe! Regressámos a Queenstown, fomos jantar fora e depois regressámos ao "acampamento" onde ficaríamos os próximos dias...

Dia 12 - Mina de Hellyer e Newton Dam Spillway (19-Mar-2010)...

Mais um dia no NW da Tasmânia... Levantei-me às 6h45, tomei o pequeno-almoço e depois fomos assistir a uma palestra do Andrew sobre estratégias na exploração de sulfuretos maciços e desafios no MRV... Foi uma palestra fixe! Saímos depois às 9h30 em direcção à Newton Dam Spillway, onde vimos argilitos, arenitos e brechas, uma falha e clastos de sulfuretos maciços com galena e esfalerite... O dia estava de chuva, por isso foi um pouco desconfortável, mas ao fim de umas horas já ninguém se preocupava com isso... Almoçámos em Tullah e depois seguimos até à mina de Hellyer, nomeadamente até ao armazém de sondagens... Aqui fizémos um excelente exercício de brechas, onde tínhamos de destinguir e caracterizar diferentes tipos de brechas vulcânicas... Foi excelente! Depois, voltámos para o escritío principal da mina, onde tivémos uma pequena apresentação com o Kim Denwer... De volta a Queenstown, ao final da tarde, fomos jantar ao mesmo restaurante do dia anterior... O jantar foi fettuccine (incrivelmente bom...) e passámos o resto da noite no restaurante a fazer jogos e adivinhas... Foi espectacular...!

Dia 13 - Mount Read e Mount Hercules (20-Mar-2010)...

Foi mais um dia de chuva... Um típico dia na costa oeste da Tasmânia... Acordei às 6h30, tomei o pequeno-almoço (já estava fã dos ovos com bacon, até porque não havia mais nada para comer...) e depois toca a ir para a chuva... Saímos às 8h e fomos até à mina de Rosebery para fazermos a inscrição e podermos entrar... A segurança é apertada e a tolerância é de 0.00 de alcoól no sangue... Um dos participantes que na noite anterior bebeu demais, pimba! Não entrou... Depois de uma pequena introdução às regras de segurnaça da mina, seguimos viágem até ao anfitreão do meu projecto, Mount Read... Fomos até ao topo, onde almoçámos dentro das carrinhas pois estava a chover e bastante frio... Na primeira paragem vimos os típicos hialoclastitos, num afloramento muito conhecido. As carrinhas deixaram-nos, de seguida, um pouco mais abaixo na encosta e seguimos a pé, sob chuva frio e nevoeiro... Parámos cerca de 30 minutos depois numa antiga pedreira onde fizémos um exercício de campo, mais um log geológico... As minhas mãos estavam tão frias que nem conseguia escrever, mas o log que fiz na cabeça estava bastante bom... Nas paragens seguintes, ao longo da descida do Mount Read, fizémos cortes e observámos muitos tipos diferentes de brechas... Foi espectacular, apesar das condições metereológicas... No final do dia, regressámos a Queenstown e assistimos a mais uma palestra do Andrew na companhia de uma boa quantidade de pizzas bem quentinhas e apetitosas... Foi óptimo! A máquina fotográfica molhou-se u pouco e durante algum tempo não queria mesmo funcionar, por isso tive de ir buscar a minha arma secreta, o secador... E ainda dizem que um secador não dá jeito no campo... Ah pois... Mas desta vez foi o que salvou o dia...

Dia 14 - Iron Blow e regresso a casa (21-Mar-2010)...

Hoje foi o último dia desta maravilhosa "fieldtrip"... Depois da rotina matinal que estão fartos de ouvir, tive a passar algumas fotos para o pessoal e, depois de saírmos, fomos ainda visitar o Iron Blow... Já lá tinha estado duas vezes, por isso sabia bastante bem o que ía ser dito... O dia estava horrível... Chuva e frio e o pessoal já estava a desesperar... O Andrew até estava de calças (que algo muito raro de se ver...). É como que uma referência... Quando o Andrew está de calças, então o dia é para esquecer... Hehehe... Depois desta visita rápida ao Iron Blow, regressámos finalmente a Hobart... A viagem foi essencialmente para aquecer e descansar... Almoçámos no camiho, onde até jogámos um pouco de ragby e depois seguimos caminho... Chegámos ao CODES por volta das 14h... Muita comida e bebida tinha sobrado, por isso enchi o carro de refrigerantes e algumas sandes... Os refrigerantes vão certamente chegar para o próximo mês... Chegado a casa, decidi fazer uma limpeza geral, de alto a baixo, lavei a roupa, fiz o jantar e depois estive o resto da noite a descontrair... A fantástica "fieldtrip" de Vulcanologia tinha chegado ao fim...

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